Sim, o convênio médico costuma cobrir a cirurgia de catarata e o implante da lente intraocular básica, do tipo monofocal. No entanto, lentes especiais como multifocais, tóricas ou trifocais geralmente não estão inclusas na cobertura e exigem pagamento adicional pelo paciente.
Essa informação é vital para quem está prestes a realizar a cirurgia. Embora os planos de saúde sejam obrigados por lei a cobrir o procedimento e a lente padrão, muitos usuários se surpreendem ao descobrir que precisam arcar com parte dos custos — especialmente se desejam uma lente que elimine o uso de óculos.
Nesta reportagem, você entenderá o que está coberto pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), como funciona a escolha da lente, em quais casos o plano cobre opções mais avançadas e o que dizem especialistas sobre o impacto dessa decisão na qualidade de vida visual.
O que o convênio é obrigado a cobrir na cirurgia de catarata?
A cirurgia de catarata está incluída no Rol de Procedimentos Obrigatórios da ANS, o que significa que todos os planos regulamentados devem cobrir:
- Consulta médica com oftalmologista
- Exames pré-operatórios
- O ato cirúrgico
- Anestesia (geralmente local)
- Implante de lente intraocular monofocal
- Acompanhamento pós-operatório
A obrigatoriedade da cobertura inclui apenas a lente intraocular padrão, do tipo monofocal esférica, que corrige a visão para longe, mas não para perto ou astigmatismo.
A visão clínica: o que dizem os especialistas?
Embora a cobertura da lente básica seja garantida por lei, há uma lacuna significativa entre o que o plano oferece e o que a medicina moderna recomenda. Segundo diversos oftalmologistas, os avanços na cirurgia de catarata tornaram possível recuperar a visão em múltiplas distâncias — algo que as lentes padrão não oferecem.
Em entrevista à nossa reportagem, o Dr. Aron Guimarães, que realiza centenas de cirurgias de catarata por ano, destacou que muitos pacientes que operam com plano de saúde optam por complementar o custo e receber uma lente multifocal ou personalizada, após orientação médica detalhada na Clínica Vizon, centro oftalmológico especializado em implantes avançados.
Essa abordagem personalizada é uma tendência crescente, principalmente entre pacientes ativos profissionalmente ou que buscam independência de óculos.
Quais lentes o plano cobre e quais não?
Lente coberta obrigatoriamente:
- Monofocal padrão: é a lente intraocular simples, fornecida em todos os planos. Corrige a visão para longe, mas o paciente geralmente precisa de óculos para perto.
Lentes geralmente não cobertas:
- Tóricas: corrigem astigmatismo.
- Multifocais: oferecem visão para longe e perto.
- Trifocais: corrigem todas as distâncias.
- Lentes premium ou personalizadas: são fabricadas sob medida com cálculos avançados e tecnologia de ponta.
Tabela resumo:
| Tipo de Lente | Corrige | Coberta pelo Convênio? | Requer Coparticipação? |
| Monofocal básica | Visão de longe | Sim | Não |
| Tórica | Astigmatismo | Não (geralmente) | Sim (opcional) |
| Multifocal | Longe e perto | Não | Sim |
| Trifocal | Longe, perto e intermediário | Não | Sim |
| Premium personalizada | Alta performance visual | Não | Sim |
Como funciona a coparticipação ou pagamento complementar?
Pacientes que desejam lentes não cobertas pelo convênio podem fazer o que se chama de coparticipação de lente.
Nesse modelo:
- A cirurgia é coberta integralmente pelo plano.
- O paciente paga apenas a diferença entre a lente coberta e a lente desejada.
- A negociação é feita diretamente com a clínica ou hospital.
Importante: essa prática só é permitida quando não há cobrança duplicada do plano. Ou seja, o hospital não pode receber do plano pela lente básica e, ao mesmo tempo, do paciente por uma lente melhor sem oferecer a de base.
A ANS permite pagar por lente premium?
Sim, desde que sejam respeitados critérios éticos e contratuais. A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) entende que o paciente pode querer um material superior e aceitar arcar com os custos extras — desde que:
- Isso seja documentado.
- O paciente tenha sido previamente informado.
- Haja transparência no valor cobrado.
- A cirurgia e demais itens continuem cobertos integralmente.
O que fazer se o plano se recusar a cobrir a lente básica?
Se o convênio negar o fornecimento da lente monofocal básica, o paciente deve:
- Solicitar a negativa por escrito.
- Entrar em contato com a ANS pelo número 0800 701 9656.
- Registrar uma denúncia ou reclamação.
- Procurar orientação jurídica ou defensoria pública, se necessário.
A negativa é considerada ilegal e pode ser revertida judicialmente.
Quais fatores influenciam a escolha da lente?
A escolha da lente intraocular ideal deve considerar:
- Estilo de vida (leitura, direção, trabalho em telas)
- Grau de astigmatismo
- Desejo de eliminar o uso de óculos
- Exames pré-operatórios (biometria, topografia, aberrometria)
- Doenças associadas (glaucoma, retinopatia)
O oftalmologista é o profissional responsável por orientar essa decisão. Escolher a lente certa pode mudar completamente o desfecho visual da cirurgia.
O que é o Rol da ANS e por que ele importa?
O Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS é uma lista que define os exames, tratamentos, cirurgias e insumos mínimos que os planos de saúde devem oferecer aos beneficiários.
A lente intraocular monofocal para cirurgia de catarata está incluída nesse rol desde 2001. Portanto, todos os planos com cobertura hospitalar ou ambulatorial têm obrigação legal de fornecê-la.
Cirurgia de catarata com convênio: o que está incluído?
| Item | Cobertura obrigatória pelo convênio |
| Consulta com oftalmologista | Sim |
| Exames pré-operatórios | Sim |
| Cirurgia de catarata | Sim |
| Implante de lente monofocal | Sim |
| Lente multifocal, tórica ou trifocal | Não |
| Revisões pós-operatórias | Sim |
| Internação e centro cirúrgico | Sim |
O plano cobre cirurgia bilateral?
Sim, mas geralmente não no mesmo dia. A maioria dos convênios cobre um olho por vez, com intervalo mínimo entre as cirurgias, que pode variar de 7 a 30 dias conforme o protocolo médico e o plano contratado.
Planos com melhor cobertura oftalmológica
Embora todos os planos regulamentados cubram a lente básica, alguns oferecem diferenciais, como:
- Cobertura parcial de lente tórica
- Reembolso para lente multifocal
- Centros oftalmológicos próprios ou credenciados com alta tecnologia
- Isenção de coparticipação em consultas pós-cirúrgicas
Planos de abrangência nacional e de categorias premium geralmente oferecem essas vantagens. Consulte seu contrato ou corretor.
Quando a cirurgia é negada pelo plano?
A negativa da cirurgia de catarata só ocorre em três situações:
- O paciente ainda está em período de carência.
- O plano contratado não cobre procedimentos hospitalares.
- A documentação médica enviada está incompleta.
Em todos os outros casos, a cobertura é obrigatória. Se a negativa ocorrer indevidamente, cabe recurso junto à ANS ou ação judicial.
Considerações finais
A resposta à pergunta que dá título a esta matéria é: sim, o plano cobre a lente básica, mas não cobre as lentes mais modernas. E isso faz toda a diferença.
O paciente tem direito de realizar a cirurgia pelo plano de saúde, mas precisa decidir — com base em orientação médica — se deseja complementar com uma lente de maior desempenho visual.
A decisão deve levar em conta qualidade de vida, expectativa visual e estilo de vida. A boa notícia é que, hoje, clínicas especializadas como a Vizon oferecem um processo de orientação claro e seguro para quem deseja evoluir além da cobertura básica do convênio.
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