Síndrome de Ogilvie com mega cólon e distensão abdominal aguda

Síndrome de Ogilvie com mega cólon e distensão abdominal aguda

Você já viu alguém no hospital com a barriga muito distendida, dor importante e sem evacuar, mas sem um bloqueio visível no intestino? Esse cenário pode ser a síndrome de Ogilvie. Ela assusta porque parece obstrução, mas o problema real é um desequilíbrio dos nervos que controlam o cólon, levando a um megacólon funcional.

O risco maior é a perfuração, especialmente do ceco, quando o diâmetro passa de 12 cm ou a distensão dura dias. O bom é que existem caminhos claros para diagnosticar e tratar cedo. Aqui você vai entender como reconhecer sinais de alerta, quais exames pedem passagem, quando usar medicação, quando descomprimir e quando acionar a equipe cirúrgica.

Como destaca o gastrocirurgião Dr. Thiago Tredicci, casos suspeitos exigem monitorização próxima e decisão rápida. Na prática, isso significa corrigir fatores desencadeantes, acompanhar o diâmetro do cólon e agir antes de complicar. A seguir, um guia direto para orientar sua conduta.

O que é a síndrome de Ogilvie

A síndrome de Ogilvie é uma pseudo-obstrução colônica aguda. Não existe um tumor, cálculo ou torção bloqueando a passagem, mas o cólon se dilata como se estivesse obstruído.

O problema envolve disfunção do sistema nervoso entérico e do tônus simpático e parassimpático. O resultado é distensão abdominal aguda, dor e, muitas vezes, megacólon visível em exames de imagem.

Quem tem mais risco

  • Pós-operatório: Cirurgias ortopédicas, cardíacas, neurológicas e abdominais aumentam o risco nas primeiras semanas.
  • Doenças clínicas graves: Insuficiência cardíaca, sepse, traumas, AVC e doenças neurológicas.
  • Medicamentos: Opioides, anticolinérgicos, antidepressivos tricíclicos e bloqueadores de canais de cálcio.
  • Distúrbios eletrolíticos: Hipocalemia, hipomagnesemia e hipocalcemia são gatilhos comuns.
  • Imobilidade: Idosos acamados e pacientes em UTI.

Em cenários de risco, a vigilância clínica faz diferença. Um cirurgião do aparelho digestivo em Goiânia costuma reforçar a revisão de medicações e a mobilização precoce como medidas simples que previnem progressão.

Sinais e sintomas de alerta

  • Distensão abdominal progressiva: A barriga cresce ao longo de horas ou dias.
  • Dor e desconforto: Dor difusa, pior à palpação, com timpanismo.
  • Parada de eliminação: Redução de flatos e ausência de evacuação.
  • Náuseas e vômitos: Podem aparecer, principalmente em casos mais avançados.
  • Sinais de gravidade: Febre, taquicardia, leucocitose, acidose ou peritonite sugerem isquemia ou perfuração.

Como é feito o diagnóstico

O primeiro passo é suspeitar diante do quadro clínico. Depois, é essencial excluir obstrução mecânica e outras causas de distensão, como íleo paralítico difuso.

Exames que ajudam

  • Radiografia de abdome: Mostra cólon dilatado, com destaque para o ceco. Útil para seguimento seriado.
  • Tomografia computadorizada: Regra out obstrução mecânica, estrangulamento e perfuração. Ajuda a medir o diâmetro cecal.
  • Laboratório: Hemograma, eletrólitos, função renal, gasometria e lactato para avaliar gravidade e guiar correções.

Segundo Dr. Thiago Tredicci, uma tomografia bem interpretada evita atrasos e escolhas arriscadas. Ela separa quem pode seguir com medidas clínicas de quem precisa de intervenção precoce.

Tratamento passo a passo

  1. Medidas clínicas iniciais: Jejum, sonda nasogástrica se vômitos, correção de potássio e magnésio, suspensão de opioides e anticolinérgicos, hidratação e deambulação assistida.
  2. Monitorização do diâmetro: Acompanhar o ceco. Se for menor que 12 cm e o paciente estável, manter suporte por 24 a 48 horas.
  3. Neostigmina: Se não houver resposta clínica ou se a distensão avançar, usar neostigmina intravenosa com monitorização cardíaca. É eficaz em muitos casos.
  4. Descompressão colonoscópica: Indicada quando a neostigmina falha ou há contraindicação. Pode colocar sonda de descompressão.
  5. Cirurgia: Necessária em perfuração, isquemia, peritonite ou falha do tratamento endoscópico. A decisão é caso a caso.

Em equipes experientes, como descreve o gastrocirurgião Dr. Thiago Tredicci, a escolha entre neostigmina e descompressão é guiada pelo tempo de evolução, tamanho do ceco e condições clínicas. O objetivo é descomprimir cedo e evitar complicações.

Prevenção no hospital

  • Mobilização precoce: Sentar, levantar e caminhar assim que for seguro.
  • Revisão de fármacos: Reduzir opioides, preferir multimodalidade para dor e evitar anticolinérgicos quando possível.
  • Correção de eletrólitos: Manter potássio e magnésio em faixas adequadas.
  • Protocolo pós-operatório: Incentivar dieta progressiva, fisioterapia respiratória e intestinal.
  • Vigilância ativa: Medir circunferência abdominal e avaliar ruídos intestinais em pacientes de risco.

Entre gastrocirurgiões, nomes como Dr. Thiago Tredicci costumam ressaltar que prevenção começa na visita diária. Pequenos ajustes evitam que a distensão saia do controle.

Dúvidas rápidas

É o mesmo que obstrução intestinal?

Não. Na síndrome de Ogilvie não há bloqueio físico. A fisiologia do cólon está desregulada, o que gera a pseudo-obstrução.

Quando procurar emergência?

Distensão crescente com dor, vômitos, febre, incapacidade de eliminar gases ou sinais de peritonite pedem avaliação urgente.

Qual o prognóstico?

Com diagnóstico precoce e manejo adequado, a maioria melhora com medidas clínicas ou neostigmina. A demora aumenta o risco de isquemia e perfuração.

Conclusão

Reconhecer cedo a síndrome de Ogilvie salva cólon e reduz tempo de internação. Observe distensão progressiva, descarte obstrução mecânica, corrija gatilhos e escolha entre neostigmina, descompressão ou cirurgia conforme evolução.

Se você atua em hospital, aplique as medidas preventivas ainda hoje e mantenha atenção aos sinais de gravidade. Diante de qualquer dúvida, peça apoio da equipe de cirurgia do aparelho digestivo e trate a síndrome de Ogilvie com prioridade.

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